Álcool e mulheres grávidas: o que acontece com o bebê?

Álcool e mulheres grávidas

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Todo mundo sabe que álcool e mulheres grávidas são coisas que não combinam, mas você sabe o porquê exatamente?

Mesmo dentro do senso comum, todo mundo sabe que álcool e mulheres grávidas são coisas que não combinam. De forma geral, as bebidas alcoólicas são consideradas bastante prejudiciais à saúde. E quanto mais consumidas, pior se torna o quadro de saúde. 

A não ser que você seja um especialista da área da saúde ou já tenha pesquisado muito sobre o assunto, muito provavelmente não saberá em detalhes o que acontece no corpo de uma mulher grávida (nem no do bebê em formação) quando o álcool é consumido. 

Então, vamos juntos tentar entender um pouco mais sobre esse assunto?

Álcool e mulheres grávidas: o que acontece com o bebê?

Primeiramente, quando há o encontro entre álcool e mulheres grávidas, uma série de danos causados ao bebê já foram revelados pela ciência. Esses problemas vão desde alterações faciais até graves atrasos no desenvolvimento motor. 

Porém, para desvendar ainda mais mistérios que rondam a ciência nesse campo, na Universidade Médica de Viena (Áustria), pesquisadores conseguiram registrar – pela primeira vez – o que acontece no cérebro de crianças expostas à bebidas alcoólicas, ainda no útero. 

 9,8% de todas as mulheres grávidas consomem álcool durante a gestação

Para a pesquisa foram selecionadas 500 mulheres grávidas. Todas elas haviam sido encaminhadas para a realização de ressonância magnética por motivos clínicos. 

Utilizando um questionário anônimo, 51 dessas mulheres admitiram ter consumido álcool durante a gestação. 

De acordo com a pesquisa, 9,8% de todas as mulheres grávidas consomem bebidas alcoólicas durante a gestão. Porém, acredita-se que, na realidade, essa estimativa seja bem maior, considerando o mundo todo. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o álcool é uma substância capaz de ultrapassar a placenta e alcançar o feto. Daí o grande motivo de ser um perigo – tanto para as gestantes quanto para os bebês.

Não apenas, a combinação álcool e mulheres grávidas pode ocasionar a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Que se trata de uma doença que acomete de seis a nove bebês a cada mil nascidos. 

Alterações no cérebro de fetos expostos à bebidas alcoólicas

Durante a pesquisa vários exames foram descartados por terem sidos considerados com baixa qualidade de imagens e outros motivos. Então, dessas, apenas 26 ressonâncias magnéticas fetais foram, de fato, analisadas. 

Por outro lado, um grupo de controle de 52 fetos saudáveis foi acompanhado durante a investigação. Todos os fetos tinham entre 20 e 37 semanas. 

Com as imagens dos exames, os pesquisadores foram capazes de criar um conjunto de dados para reconstruir cada cérebro fetal. Incluindo a observação de 12 estruturas cerebrais diferentes que, entre elas, o corpo caloso e a zona periventricular foram as que mais chamaram a atenção. 

Resumo gráfico: efeitos da exposição pré-natal ao álcool, que leva a uma redução de volume na zona periventricular e um aumento de volume no corpo caloso. (Foto: RSNA e Marlene Stuempflen, MD)

Para os pesquisadores essa é uma descoberta importante

Ao longo da pesquisa os cientistas descobriram que o corpo caloso apresentava um volume aumentado, enquanto a zona periventricular tinha seu volume diminuído. 

Os resultados surpreenderam os cientistas. Isso porque o corpo caloso costuma ser mais fino em bebês com distúrbios do espectro alcoólico fetal — e não espesso. Ele também  à principal conexão entre os dois hemisférios do cérebro, e a zona periventricular, por sua vez, é o “berçário” onde nascem os neurônios

Para Gregor Kasprian, professor de radiologia e co-autor do estudo, afirmou em comunicado que: 

“Parece que a exposição ao álcool durante a gravidez coloca o cérebro fetal em um caminho de desenvolvimento que diverge de uma trajetória normal”

Os autores da pesquisa também afirmaram que os impactos nas duas estruturas “refletem um efeito global no desenvolvimento e função do cérebro”. 

Para Marlene Stuempflen, médica e pesquisadora da Universidade de Viena:

“Uma das principais características de nosso estudo é que investigamos muitos subcompartimentos menores do cérebro. Esta é a primeira vez que um estudo de imagem pré-natal foi capaz de quantificar essas alterações iniciais associadas ao álcool”.




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